Com enseadas isoladas, restaurantes de marisco e peixe e barcos de pesca pintados com cores vivas, os Olhos de Água parecem uma lembrança das tradições mais antigas do Algarve. Mas é também o lar de um fenómeno natural incomum, que desempenhou um papel importante na nossa história marítima.
Na praia, com maré baixa, pode ver-se a água a borbulhar em diversos locais, nascentes de água doce que jorram debaixo da areia. O que torna isto ainda mais notável é que estas nascentes existem também mais ao largo, brotando do chão marítimo dentro da água do mar, criando assim bolsas de água doce no mar.
São estes os “olhos de água” que dão o nome à freguesia de Olhos de Água. São mais de uma centena e, por serem particularmente ricos em nutrientes, atraem muitos peixes e, por sua vez, muitos pescadores. As águas borbulhantes parecem quase mágicas e inspiram a imaginação dos visitantes destas praias há centenas de anos.
Como estas nascentes fornecem água potável, os marinheiros genoveses, venezianos e sicilianos que exploraram a costa do Algarve em busca de atum e baleias nos séculos XIII a XV, procuravam estas nascentes para abastecer a sua tripulação com água doce para as longas viagens de regresso a casa, e muitos acreditavam que fosse uma bênção do próprio Poseidon.
Nascentes como estas são muito raras e ainda hoje são procuradas pelos seus benefícios holísticos para a saúde. Continuam a ser uma parte crucial do ecossistema local e são uma das principais razões pelas quais os Olhos de Água mantém uma indústria de pesca de sucesso.
Ver algo com tanta beleza natural é uma coisa, mas nos Olhos de Água, quando olhamos para o mar também vemos algo que trouxe boa fortuna aos pescadores e aos seus visitantes. Vemos um olhar atento, enquanto o seu povo passa a sua herança a uma nova geração.
